Por que o primeiro ano da vida conjugal pode ser surpreendentemente complicado.
Bronwyn Lea
(Texto original aqui. Tradução minha.)
“Então, como vai a vida de casada?”
Essa era a pergunta que todo mundo fazia e que sempre me deixava um pouco desolada quanto ao que responder.
A verdade é que o nosso primeiro ano de casamento foi difícil. Muito difícil. Não porque tínhamos cometido um erro, não porque eu tinha me arrependido da decisão, nem porque eu queria dar o fora. Apesar de eu ter certeza que nós tínhamos feito a escolha certa e a queríamos – ainda assim foi surpreendentemente difícil.
Eu chorei. Muito. Lágrimas de frustração. Lágrimas de dor. Lágrimas de desespero. Lágrimas de martírio derramadas no meu travesseiro antes de eu finalmente adormecer. Meu marido lidou com isso da sua própria maneira: ele se retirou para o seguro e ordenado mundo da programação de computadores. Pelo menos lá ele entendia os problemas.
Nós estávamos apaixonados, mas apenas começando a realmente aprender como amar um ao outro. Nós ainda não tínhamos aprendido que além das declarações de amor e compromisso vem o estudo diário para discernir o que seu cônjuge gosta, e mais profundo que isso – como seu cônjuge pensa.
Não havia nenhum pecado ou problema particular que tornava difícil. Não era que nós não fossemos compatíveis. Era apenas doloroso descobrir as diferenças. A coisa mais honesta que nós éramos capazes de dizer sobre o primeiro ano era “um grande ajuste”.
Aqui estão três coisas que descobrimos serem surpreendentemente difíceis de ajustar:
1. Uma nova organização para o tempo Juntos/Sozinho
Foi difícil mudar nossas expectativas de como o tempo juntos era gasto. Quando estávamos no namoro e no noivado, nosso tempo juntos era gasto “JUNTOS” e então voltávamos para nossas respectivas casas e fazíamos as coisas do tempo sozinho, sozinhos. Mas, uma vez casados, o tempo em casa era tempo juntos ou tempo sozinho? Como se descobre isso? Eu esperava que o casamento fosse mais como uma versão sem frescura do namoro. Ele esperava que fosse mais como tempo sozinho, exceto pelo fato de que eu estava em casa. Foi um doloroso ajuste para nós dois.
2. O esgotamento causado por tomadas de decisões intermináveis
Nós rapidamente ficamos cansados de decidir coisas nesse primeiro ano. Antes de nós nos casarmos, tivemos que decidir várias coisas juntos e nos considerávamos muito bons em tomar essas decisões (o processo de planejamento do nosso casamento foi surpreendentemente tranquilo).
No entanto, uma vez que estávamos casados, nós descobrimos que cada parte do dia e cada rotina de tarefas agora tinha que ser decidida: nós não queríamos presumir se faríamos do jeito “dele” ou do “meu”, então significava que teríamos uma conversa após outra sobre qual seria “nosso” jeito. Quando deveríamos jantar? O que deveríamos jantar? Quem iria fazer o jantar? Quanto tempo esperar após o jantar para, então, lavar os pratos? Deveríamos lavar, secar e guardar a louça de uma vez ou deixá-la escorrendo até de manhã? Nenhuma dessas questões era importante, mas era mais ou menos como o estresse de quando um grupo de amigos tenta escolher um lugar para ir jantar e a conversa vai e vem porque ninguém quer decidir pelo grupo. Nós estávamos cansados.
3. Uma nova configuração para as obrigações sociais
Enquanto namorava, eu tinha um grande círculo de amigas (principalmente solteiras) com quem eu gastava as noites de quase metade da semana. Uma vez casada, o que aconteceria com essas amizades? Eu queria manter esses relacionamentos, e não ser a amiga que sumiu da face da Terra depois que se casou, mas eu não poderia deixar meu marido sozinho em casa três noites por semana, nem poderia estar sempre convidando minhas amigas para a nossa casa. Embora elas gostassem dele, não iriam querer abrir seu coração para meu marido, afinal de contas, elas eram minhas amigas.
Cada dia do nosso primeiro ano trouxe uma nova tensão conforme tentávamos lidar com esses desafios. Então eu fiz o que todas as garotas legais fazem quando estão em apuros: eu chorei. Em particular.
Mas em público, quando perguntada (de novo) “então, como vai a vida de casada?”, eu ainda não tinha uma resposta. Eles realmente queriam saber? Eles queriam saber como o casamento estava? Ou estavam apenas perguntando (como muitos na comunidade cristã) como era fazer sexo? Será que entenderiam se eu contasse que esse primeiro ano estava sendo difícil? Será que veriam como uma infidelidade? Infidelidade para com o meu marido ou para uma noção idealizada de casamento? Naquele momento parecia ser os dois.
Então uma noite, quando um amigo mais velho e mais sábio me perguntou: “Então, como vai a vida de casada?” e então emendou um “É difícil, não é?”. Eu praticamente me dissolvi em alívio. Era difícil, e era um grande alívio dizer isso. E sabe de uma coisa? Melhorou. O primeiro ano não foi de todo ruim, mas pra ser honesta – não foi ótimo.
Eu tenho amigos que tiveram primeiros anos de casamento maravilhosos. Honestamente, eu fico feliz por eles. Mas eu queria apenas escrever que isso não foi só conosco. Se por acaso houver alguém aí, seja no primeiro ano, no quarto ou décimo quarto, que sente como se esse negócio de casamento é complicado ou eu não esperava por isso ou será que estou fazendo algo errado? Ou será que sempre vou me sentir assim? Ou eu não me arrependo, mas ainda continuo chorando o tempo todo…
Se por acaso este alguém for você, eu quero te dizer: “Então, como vai a vida de casado? É DIFÍCIL, não é?”
Eu sei. Nós lutamos por ela e saímos mais fortes. Você também consegue.